PROPRIEDADE INTELECTUAL, INOVAÇÃO E CONCORRÊNCIA: REFLEXÕES SOBRE O SISTEMA DE PATENTES

Autores

  • Ana Maria nunes Gimenez Unicamp

Resumo

O artigo apresenta uma reflexão sobre os direitos da propriedade intelectual, mais especificamente sobre o sistema de patentes, à luz de estudos realizados no campo da economia, especialmente estudos empíricos que se debruçaram sobre a proteção patentária e a relevância desta para a inovação. Partiu-se de uma reflexão, que mesclou referencial teórico de caráter multidisciplinar, a saber, da economia e do direito, para averiguar as justificações do sistema de patentes e se este representa um estímulo à inovação, bem como o seu papel na concorrência, em termos de sua potencialidade, ou não, para restringir o acesso a mercados. Trata-se de pesquisa exploratória, que utilizou o método hipotético-dedutivo. Os resultados permitiram concluir que o principal argumento que sustenta o sistema de patentes é nitidamente econômico, que o papel da patente no processo de inovação é relativo, sendo influenciado por diferentes fatores, tais como: o setor no qual a indústria opera, as estratégias adotadas, entre outras, e também, que patente e concorrência não são realidades antitéticas.

Biografia do Autor

Ana Maria nunes Gimenez, Unicamp

Pós-doutoranda no Departamento de Política Científica e Tecnológica pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) - Bolsista CAPES/BRASIL - PNPD pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Políticas Públicas, Estratégias e Desenvolvimento - INCT/PPED, doutora e mestra em Política Científica e Tecnológica pela Unicamp; bacharel em Direito e pós-graduada em Direito do Trabalho pela Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep).

Referências

ANPEI. Mapa do sistema brasileiro de inovação. 2014. Disponível em: <http://www.bibl.ita.br/

MapadoSistemaBrasileirodeInovacao.pdf>. Acesso em: 12 set. 2016.

ARROW, Kenneth. Economic welfare and the allocation of resources for invention. In: The rate and direction of inventive activity: Economic and social factors. Princeton University Press, 1962. p. 609-626.

BARBOSA, D. B. Do bem incorpóreo à propriedade intelectual. 2009a. Disponível em: . Acesso em 12 abr. 2016.

______. Uma introdução à propriedade intelectual. 2. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2003. Disponível em: <http://www.denisbarbosa.addr.com/arquivos/livros/umaintro2.pdf>. Acesso em 12abr. 2016 jun. 2010.

BRASIL. Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996. Regula direitos e obrigações relativos à propriedade industrial. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9279.htm>. Acesso em: 04 abr. 2016.

CHEN, C. Mapping scientific frontiers: the quest for knowledge visualization. Second Edition. London/Heidelberg/New York/Dordrecht: Springer, 2013.

COHEN, W. M.; N. NELSON, R. R.; WALSH, J. P. Protecting their intellectual assets: Appropriability conditions and why US manufacturing firms patent (or not). National Bureau of Economic Research, 2000.

EVEN, Y. Appropriability and property. American University Law Review, Washington, v. 58, n. 6, p. 1417-1476, Jul. 26, 2009. Disponível em: <http://ssrn.com/abstract=1272831>. Acesso em: 27 abr. 17 jun. 2016.

FAIRLIE, S. A Short History of Enclosure in Britain. The Land, Issue 7, Summer 2009. Disponível em: <http://www.thelandmagazine.org.uk/issue/land-issue-7-summer-2009>. Acesso em: 15 jun. 2016.

FALCONE, B. Propriedade industrial e defesa da concorrência: convergência principiológica. Curitiba: Juruá, 2013.

FREEMAN, C. Technology policy and economic performance: Lessons from Japan, London: Pinter Publishers. 1987.

GRAU-KUNTZ, K. Direito de Patentes - sobre a interpretação do Artigo 5º, XXIX da Constituição brasileira. Revista da ABPI, v. 98, p. 42-48, 2009. Disponível em: <http://www.newmarc.com.br/i

bpi/d_pat.html>. Acesso em: 11 set. 2016.

HALL, Bronwyn H. Business method patents, innovation, and policy. National Bureau of Economic Research, 2003.

HALL, B. H.; ZIEDONIS, R. H. The patent paradox revisited: an empirical study of patenting in the US semiconductor industry, 1979-1995. RAND Journal of Economics, p. 101-128, 2001.

HARDIN, G. The Tragedy of the Commons, Science, v.162, p. 1243-1248, Dec. 1968.

HOBBES, T. Leviathan or the matter, forme, & power of a common-wealth ecclesiasticall and civill. London: Andrew Crooke, 1651. Disponível em:

con/ugcm/3ll3/hobbes/Leviathan.pdf>. Acesso em: 30 ago. 2015.

IDRIS, K.; ARAI, H. The intellectual property-conscious nation: Mapping the Path from Developing to Developed. Geneva: WIPO Publication 988(E), 2006. Disponível em: <http://www.wipo.int/edocs/pubdocs/en/intproperty/988/wipo_pub_988.pdf>. Acesso em: 26 abr. 2016.

JACQUEMIM, A.; SCHRANS, G. O direito económico. Lisboa: Vega, 1979.

LANDES, W. M.; POSNER, R. A. The economic structure of Intellectual Property Law. EUA: Harvard University Press, 2003.

LEVIN, R. C. et al. Appropriating the returns from industrial research and development. Brookings papers on economic activity, v. 1987, n. 3, p. 783-831, 1987.

LIBECAP, G. D. Contracting for property rights. Cambridge: Cambridge University Press, 1989.

LUECK, D. MICELI, T. J. Property law. In: POLINSKY, A. M.; SHAVELL, ‎S. (Eds.). Handbook of law and economics. Amsterdam and Oxford: North-Holland, 2007, p. 186-257.

MACHLUP, F.; PENROSE, E. The patent controversy in the Nineteenth Century. The Journal of Economic History, v. 10, n. 1 (May, 1950), pp. 1-29. Published by: Cambridge University Press on behalf of the Economic History Association. Disponível em: <http://www.jstor.org/stable/21139

>. Acesso em: 19 abr. 2016.

MACHLUP, F. An economic review of the patent system. Washington, Subcommittee on Patents, Trademarks, and Copyrights of the Committee on the Judiciary, U.S. Senate, 85th Congress, 2nd Session, Government Printing Office, Study, n. 15, 1958. Disponível em: <http://mises.org/etex

ts /patentsystem.pdf>. Acesso em: 26 abr. jun. 2016.

MALERBA, F, ORSENIGO, L. Technological regimes and firm behaviour. In: DOSI, G.; MALERBA, F. Organization and strategy in the evolution of the enterprise. London: Macmilian. 1996. p 42-71.

MANSFIELD, E. Patents and innovation: an empirical study. Management Science, vol. 32, n. 2, Feb., 1986, pp. 173-181.

MANSFIELD, E.; SCHUWATZ, M.; WAGNER, S. Imitation costs and patents: an empirical

study. The Economics Journal, v. 91, p. 907-918, Dec. 1981.

MATTOS, P. T. L; ABDAL, A. J. Estados Unidos: mudanças jurídico-institucionais e inovação. Inovação: estratégia de sete países. Brasília: ABDI, p. 92-120, 2010.

MELLO, M. T. L. Propriedade intelectual e concorrência. Revista Brasileira de Inovação, Rio de Janeiro, n. 8, v. 2, p.371-402, jul./dez. 2009.

MELLO, M. T. L.; POSSAS, L, M. Direito e economia na análise de condutas anticompetitivas. In: POSSAS, L. M. et al. (Orgs.) Ensaios sobre economia e direito da concorrência. São Paulo: Singular, 2002. p. 135-159.

NELSON, R. R. National innovation systems: a comparative analysis. New York; Oxford: Oxford University Press. 1993.

OCDE. Manual de Oslo. Diretrizes para a coleta e interpretação de dados sobre Inovação. 3. ed., Tradução FINEP, 2005. Disponível em:. Acesso em: 1 abr. 2016.

PENROSE, E. La economia del sistema internacional de patente. Tradução de Clemtina Zamora. Espanha: Siglo Veintiuno Editores, 1974.

POSNER, Richard A. Values and consequences: an introduction to economic analysis of law. Chicago Lectures in Law and Economics, 2000.

POSSAS, M. S. Concorrência e competitividade: notas sobre estratégia e dinâmica seletiva na economia capitalista. São Paulo: Hucitec, 1999.

SALOMÃO FILHO, C. Direito concorrencial. São Paulo: Malheiros, 2013.

SCHUMPETER, J. A. (1912), Teoria do desenvolvimento econômico, col. Os Economistas, Abril Cultural: São Paulo, 1983.

______. (1942), Capitalismo socialismo e democracia. Rio de Janeiro: Zahar, 1984.

SHAPIRO, Carl. Navigating the patent thicket: Cross licenses, patent pools, and standard setting. Innovation Policy and the Economy, v. 1. MIT Press, 2001. p. 119-150.

SHERWOOD, R. M. Propriedade intelectual e desenvolvimento econômico. São Paulo: EDUSP. 1992.

SILVA, C. G.; MELO, L. C. P. Ciência, tecnologia e inovação: desafio para a sociedade brasileira. Livro Verde. Brasília: Ministério da Ciência e Tecnologia/Academia Brasileira de Ciências. 2001.

ROSENMAN, E. On Enclosure acts and the commons. In: BRANCH: Britain, representation and Nineteenth-Century History. Ed. Dino Franco Felluga. Extension of Romanticism and Victorianism on the Net. Web. 2016. Disponível em: <http://www.branchcollective.org/?ps_art

icles =ellen-rosenman-on-enclosure-acts-and-the-commons>. Acesso em: 20 ago. 2016.

TAKAHASHI, T. (Coord.). Sociedade da informação no Brasil: livro verde. Brasília: Ministério da Ciência e Tecnologia, 2000.

TEECE, D. Managing intellectual capital. Oxford University Press: New York, NY, 2000.

______. Profiting from technological innovation: implications for integration, collaboration, licensing and public policy. Research Policy, v.15, n.6, 1986, p. 285-305.

VERSPAGEN, Bart. Intellectual property rights in the world economy. Research Memoranda, n. 16, Maastricht: MERIT, Maastricht Economic Research Institute on Innovation and Technology. 1999.

VIEGAS, C. A S.; ALMEIDA, S. F. Economia da concorrência: estruturas de mercado. In: SCHAPIRO, M. G.; CARVALHO, V. M.; CORDOVIL, L. (Orgs.). Direito econômico concorrencial. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 21-46.

WILLIAMSON, O. E. Las instituciones económicas del capitalism. Fondo de Cultura Económica, México, 1987.

WIPO. WIPO intellectual property handbook: policy, law and use. WIPO Publication n° 489 (E). Second Edition. Geneva, 2004. Disponível em: <http://www.wipo.int/about-ip/en/iprm/>. Acesso em: 27 abr. 2016.

Downloads

Publicado

2018-08-23